segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Nomes de gato

OS TRÊS NOMES DO GATO (*) - Lázaro Barreto.


Dar nome aos gatos não é tarefa fácil nem fútil.
Muitas vezes quando digo que o gato deve ter
TRÊS NOMES DIFERENTES,
olham-me de novo, julgam-me biruta.
Mas assim é, por mais que estranhem e gozem.
Primeiro o nome corrente, de uso da família,
que pode ser Poetinha, Alípio ou Conceição.
Depois o escolhido de pessoas refinadas
(extravagantes ou mesmo sóbrias),
como Menelau, Polonaise ou Pixinguinha.
Por último o mais íntimo e solitário,
que ele mais necessita para manter o orgulho
e esticar os bigodes, enrodilhar-se na cadeira
ou pular o muro como num vôo
- e que pode ser Diadorim, Caracóia ou Ana Lívia Plurabelle,
que nenhum outro gato deste mundo ostenta.

Mas além desses e acima de tudo e de todos,
há um nome especial de sua preferência
e esse ninguém sabe e nunca saberá.
É o nome que nenhuma pesquisa humana pode descobrir
e que só o próprio gato sabe,
mas que nunca dirá a ninguém.
Assim,
quando ver um gato em profunda meditação,
os olhos abertos e cegos, as unhas em inocente repouso,
saiba que a razão é sempre a mesma:
sua mente está ocupada na contemplação de seu misterioso
e inescrutável e singular NOME.

(*) Paráfrase de Um Poema de T. S. Eliot).


Clevane Pessoa disse...

Belo Poema, amigo Lazaro.
Escrevi essa historiazinha abaixo...


ÀS vezes um poeta atrai um gato que finge não termedo do medo, nomeia-o e intue que ele tem um nome inominável.O poeta conta à rosa bem amada que o gato, enfim , come de sua mão e roça nele com pelos eriçados quais o de seu ventre cálido.O dela.
Depois, ele, o Poeta,afasta-se .A musa mia para a lua, perplexa.
O poeta agora, tem apenas o gato de rua,sem gata,sem rata sequer,sem pantera-mulher.E enquanto ouve a hiena rir, teme que tranforme-se em loba e o devore.
Enquanto isso, a mulher pantera ronda .Ele freme as narinas e capta o cheiro de cio.

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